O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) protocolou uma representação solicitando que o tribunal avalie medidas relacionadas à nomeação de maquiadores como assessores parlamentares no gabinete da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

O pedido pede que, caso fique comprovado desvio de finalidade, seja instaurado um processo de tomada de contas especial para ressarcimento dos salários pagos aos servidores e também de eventuais gastos com uma viagem da deputada a Paris.

Segundo reportagens recentes, dois maquiadores que costumam atender Erika Hilton — Índy Montiel e Ronaldo Hass — estão lotados como secretários parlamentares na Câmara dos Deputados. Ambos já foram vistos maquiando a deputada em diferentes ocasiões, como durante o carnaval e em eventos partidários.

Ronaldo Hass ocupa o cargo desde maio de 2024 e recebeu, no último mês, um salário bruto de R$ 9.678,22. Índy Montiel foi nomeado em dezembro do mesmo ano e, em maio de 2025, recebeu R$ 2.126,59. Ao todo, o gabinete da deputada conta com 14 secretários parlamentares.

Na avaliação do Ministério Público, as nomeações apontam para o uso indevido de recursos públicos, uma vez que os profissionais estariam desempenhando funções pessoais, sem relação com as atividades parlamentares previstas para o cargo.

A representação também alerta que as contratações desrespeitam os princípios da administração pública e podem representar práticas como favorecimento pessoal e desvio de finalidade, comprometendo a imagem das instituições e da gestão pública federal.

Pelas regras da Câmara, cada deputado pode contratar de cinco a 25 secretários parlamentares, que não precisam ser servidores concursados. O valor mensal disponível para esse custeio é de R$ 133 mil, e as atribuições podem variar conforme a organização de cada gabinete, embora o regimento estabeleça funções como apoio administrativo, elaboração de discursos e controle de viagens.