
Manaus – A bancada de deputados federais do Amazonas utilizou R$ 1.787.104,52 da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), popularmente conhecida como “Cotão”, apenas no primeiro semestre de 2025. O valor equivale a cerca de R$ 10 mil por dia, somando os 180 dias entre janeiro e junho, conforme dados do Portal da Transparência da Câmara dos Deputados.
A verba é destinada a despesas relacionadas ao mandato, como manutenção de escritórios, consultorias, passagens aéreas e divulgação parlamentar. No entanto, o uso elevado e desigual entre os parlamentares reacende o debate sobre a transparência e a real necessidade desses recursos.
O deputado Sidney Leite (PSD) lidera a lista dos que mais utilizaram o benefício, com R$ 289.847,25 gastos. Em seguida aparecem Pauderney Avelino (União Brasil), com R$ 276.924,90, e Adail Filho (Republicanos), com R$ 275.648,48. Na outra ponta, o mais econômico foi Amon Mandel (Cidadania), com apenas R$ 34.334,62 no semestre — uma média de R$ 190 por dia.
Divulgação parlamentar lidera as despesas
A principal categoria de gastos da bancada foi com divulgação da atividade parlamentar, que consumiu R$ 566.715,68 do total. Três parlamentares lideraram nesse item: Adail Filho (R$ 190 mil), Sidney Leite (R$ 136,5 mil) e Pauderney Avelino (R$ 85.235,68). O único a não utilizar verba para divulgação foi Amon Mandel, que também foi o parlamentar que menos usou o Cotão em geral.
Veja quanto cada deputado federal do AM gastou no 1º semestre de 2025:
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Sidney Leite (PSD): R$ 289.847,25
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Pauderney Avelino (União Brasil): R$ 276.924,90
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Adail Filho (Republicanos): R$ 275.648,48
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Átila Lins (PSD): R$ 257.572,59
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Fausto Júnior (União Brasil): R$ 248.727,68
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Silas Câmara (Republicanos): R$ 242.239,79
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Alberto Neto (PL): R$ 161.809,21
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Amon Mandel (Cidadania): R$ 34.334,62
Cada deputado tem direito a até R$ 49.363,92 mensais, o que totaliza R$ 296.183,52 por semestre. Ou seja, todos os parlamentares ficaram abaixo do teto permitido, mas os contrastes nos valores utilizados mostram abordagens bem distintas na gestão dos recursos públicos.
O uso do Cotão na mira da sociedade
Desde a sua criação, o Cotão é alvo de críticas por ser um instrumento com pouca fiscalização efetiva. Embora sua função seja garantir a autonomia dos parlamentares no exercício do mandato, a prática mostra que muitos utilizam os recursos com fins questionáveis, como serviços vagos de consultoria, divulgação pessoal e até favorecimento indireto.
O caso de Amon Mandel chama atenção: ele manteve o padrão de economia que já havia adotado como vereador em Manaus, quando foi o único entre 41 parlamentares a abrir mão integralmente da cota. O comportamento reforça a discussão: é possível exercer o mandato com menos gastos?
Críticos do sistema apontam que o problema não está apenas no valor das cotas, mas na falta de critérios rígidos e auditorias independentes. Em tempos de cobrança por maior transparência e responsabilidade com o dinheiro público, a forma como os parlamentares utilizam o Cotão segue sendo um termômetro da relação entre a política e os cidadãos que a financiam.