O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (18) que considera o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado uma ação “política” e sem provas concretas contra ele. Após ter medidas cautelares impostas, Bolsonaro declarou: “Que provas têm contra mim? Não existe nada, só suposições”.

A fala ocorreu após ele deixar a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape), em Brasília, onde foi obrigado a comparecer para instalar uma tornozeleira eletrônica. Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente está proibido de circular à noite e nos fins de semana, de ter contato com outros investigados e de se aproximar de embaixadas. Bolsonaro chamou as restrições de “suprema humilhação” e disse já ter sido alvo de quatro buscas e apreensões. Durante a operação mais recente, a Polícia Federal encontrou cerca de US$ 14 mil (R$ 78,5 mil) em sua residência. Ele afirmou ter comprovantes bancários para justificar o dinheiro: “Sempre guardei dólar em casa, todo dólar lá tem recibo do Banco do Brasil”.

Ele negou a intenção de deixar o país, mas disse acreditar que seu filho Eduardo, que está nos Estados Unidos, não deve retornar por receio de prisão. “Ele não volta mais, acredito que não volta mais. Se voltar, vai ser preso”, afirmou. Bolsonaro também criticou a política externa do governo Lula e comentou ter tido um almoço com embaixadores cancelado pelas novas restrições: “Tenho mais contato com embaixadores do que o próprio ministro das Relações Exteriores”.

A defesa do ex-presidente classificou as medidas como “surpreendentes e indignas”, ressaltando que ele sempre obedeceu às decisões judiciais.

Operação da PF

Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e em endereços ligados ao PL, partido ao qual é filiado. As ordens foram autorizadas pelo STF. O ex-presidente é réu em uma ação penal que apura o núcleo central da suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.