O Amazonas registrou aumento de 22% nos casos de racismo e crescimento de 62,2% em injúria racial no último ano, segundo o Anuário de Segurança Pública 2025. Os registros de injúria passaram de 114 em 2023 para 185 em 2024, enquanto os casos de racismo subiram de 73 para 89 no mesmo período. Esses números colocam o estado como o mais afetado por racismo na região Norte e o terceiro em injúria racial.

No Brasil, o crime de racismo cresceu 26,3% entre 2023 e 2024, enquanto a injúria racial teve alta de 41,4%. O maior aumento foi em casos de racismo por homotransfobia, que subiram 51,2%. O Amazonas, entretanto, não forneceu dados sobre esse tipo específico de racismo.

Para o advogado e ativista racial Silas Franco, o aumento das denúncias reflete maior conscientização e busca por reparação, especialmente após o STF equiparar o crime de injúria racial ao de racismo. No entanto, ele alerta para a subnotificação, causada por medo, sensação de impotência e desconhecimento dos direitos e canais de denúncia.

Franco também criticou a falta de dados do Amazonas sobre racismo por homofobia ou transfobia, apontando para a falta de preparo das autoridades locais para lidar com esses crimes, que ainda são tabu. A pesquisadora Juliana Brandão, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, reforça que a ausência de dados já indica uma forma de violência e discriminação institucional contra a população LGBTQIAPN+.

No ranking nacional, o Distrito Federal lidera os casos de racismo, seguido por Rio Grande do Sul e São Paulo. Santa Catarina é o estado com mais registros de injúria racial, seguida pelo Distrito Federal e Rondônia.

O relatório destaca que os números reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes e de maior preparo das instituições para combater todas as formas de racismo e discriminação no país.