Nesta quarta-feira (6), o pedido de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Asfalta Manaus ganhou ainda mais força na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). A proposta, apresentada pelo deputado Delegado Péricles (PL), já alcançou dez assinaturas — duas além do mínimo exigido — e avança com respaldo político e respaldo popular.

O objetivo é investigar a destinação de R$ 181 milhões enviados pelo Governo do Estado à Prefeitura de Manaus, sob gestão de David Almeida (Avante), para obras de pavimentação. A movimentação ocorre após diversas denúncias e cobranças públicas sobre a má qualidade dos serviços realizados, além de mortes associadas à precariedade das vias.

A reação de aliados do prefeito expôs o desconforto com a iminente investigação. O deputado estadual Daniel Almeida (Avante), irmão de David, tentou esvaziar a iniciativa ao cobrar que a mesma agilidade fosse empregada em CPIs voltadas para outras áreas, como saúde e segurança. Embora tenha declarado apoio ao uso das CPIs como instrumento legítimo de fiscalização, Daniel insinuou que o pedido teria viés político e alertou os colegas a não “fazerem politicagem”.

“O mesmo empenho deveria existir para investigar os hospitais 28 de Agosto, João Lúcio e o Hospital da Criança”, disse, tentando desviar o foco do escândalo envolvendo a Prefeitura.

Enquanto isso, David Almeida, em entrevista ao portal Fatos Marcantes, afirmou que gostaria de ser convocado pessoalmente para prestar esclarecimentos, numa tentativa de controlar a narrativa e blindar seu secretariado. “Prefiro que me chamem. Quero explicar tudo que sei e apontar outras áreas que merecem atenção dos deputados”, declarou.

O presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (União Brasil), afirmou que a CPI ainda não será instalada de imediato. O próximo passo é aguardar o parecer técnico da Procuradoria da Casa para avaliar a legalidade do pedido e definir com clareza o objeto da investigação.

Nos bastidores, a proposta de CPI tem incomodado a base aliada do prefeito e causado divisão entre os parlamentares, justamente num momento em que as atenções políticas já começam a se voltar para as eleições de 2026.

Assinaram o pedido os deputados: Delegado Péricles (PL), Alessandra Campêlo (Podemos), Cristiano D’Angelo (MDB), Rozenha (PMB), Sinésio Campos (PT), Wanderley Monteiro (Avante), Wilker Barreto (Mobiliza), Adjuto Afonso (União Brasil), Carlinhos Bessa (PV) e Comandante Dan (Podemos).