Após pressão de deputados e da opinião pública, o Avante Amazonas recuou em seu posicionamento inicial contra o deputado estadual Wanderley Monteiro, que havia sido alvo de processo de expulsão por ter assinado a CPI do Asfalto. Em vez disso, o partido emitiu uma orientação partidária exigindo que o parlamentar retire formalmente sua assinatura do requerimento que pede a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a aplicação de R$ 181 milhões no projeto Asfalta Manaus, executado pela Prefeitura.

A justificativa oficial apresentada pelo prefeito David Almeida é a “quebra de fidelidade partidária”, principalmente devido ao voto de Wanderley a favor da CPI do Asfaltamento, que investiga irregularidades na gestão municipal e pode causar complicações para o governo.

Por trás dessa decisão, porém, nos bastidores políticos, há a avaliação de que o deputado está sendo “fritado” por sua postura independente e por se afastar da base governista. Além disso, circulam informações de que Wanderley, ex-companheiro de Izabelle Fontenelle, atual esposa do prefeito, teria provocado desconforto ao supostamente ordenar a seu ex-assessor a divulgação de PDFs com dados íntimos da primeira-dama — acusação que ele nega.

Wanderley afirmou ainda que seu ex-assessor, Alex Sander Cunha Braga, não integrava mais sua equipe desde fevereiro de 2023, e que pediu sua exoneração devido à baixa produtividade.

O episódio remonta a 2023, quando Alex Sander foi preso acusado de invasão de privacidade após divulgar um dossiê com informações pessoais de Izabelle Fontenelle, que circulou em blogs locais, expondo detalhes da vida da futura primeira-dama. A denúncia foi registrada por dois secretários municipais e pela própria Izabelle, que prestou depoimento à polícia.

Segundo o delegado Ivo Martins, titular do 5º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Alex Sander teve a prisão preventiva decretada e foi encaminhado ao sistema prisional após audiência de custódia.

O documento que institui a orientação partidária, datado de 12 de agosto e assinado pelo secretário-geral do Avante, Laurimar Wagno de Oliveira Júnior, ressalta que a assinatura da CPI “não está alinhada com a linha política e estratégica do partido” e alerta que o descumprimento poderá acarretar medidas disciplinares internas.

A mudança de postura demonstra que, diante da repercussão negativa e das acusações de tentativa de intimidação, o Avante substituiu a ameaça de expulsão por uma pressão formal, buscando coagir Wanderley Monteiro a recuar e impedir o avanço da CPI.

Para o deputado, a comissão é um instrumento legítimo e necessário para garantir que todas as denúncias sejam apuradas com transparência.

O caso expõe o conflito entre a disciplina partidária e o dever constitucional dos parlamentares de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos. Críticos afirmam que a postura do Avante fere a independência dos mandatos e levanta dúvidas sobre a disposição de certos grupos políticos em permitir investigações claras e imparciais.