
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) elaborou uma carta endereçada ao presidente da Argentina, Javier Milei, na qual solicita asilo político. O documento foi localizado pela Polícia Federal (PF) durante as investigações que levaram ao indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PF, o arquivo de texto, modificado pela última vez em 12 de fevereiro de 2024, estava salvo no celular de Bolsonaro e tinha 33 páginas. Nele, o ex-presidente afirma ser vítima de perseguição política no Brasil, teme por sua vida e alega risco iminente de prisão “injusta e arbitrária”. O texto foi registrado dois dias antes da operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado entre 2022 e 2023.
Na carta, Bolsonaro cita convenções internacionais, como a de Caracas (1954), o Pacto de San José da Costa Rica e a Declaração Universal de Direitos Humanos, para embasar o pedido. Ele ainda argumenta que não recebe a proteção adequada destinada a ex-chefes de Estado.
A PF ressaltou que, dois meses antes da última versão do documento, Bolsonaro havia comunicado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que viajaria para a Argentina em setembro de 2023, com a justificativa de acompanhar a posse de Javier Milei.
De acordo com o relatório, os indícios confirmam que Bolsonaro mantinha em seu poder um documento que poderia facilitar sua fuga do Brasil em direção à Argentina, especialmente após o avanço das investigações sobre crimes relacionados à tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.