
Quem vai ao mercado percebe: os preços da carne continuam em alta, mesmo com crescimento na produção. Segundo estudos da Universidade de São Paulo (USP), isso ocorre porque a demanda cresce mais rápido que a oferta, e os dados do país, somados ao comércio exterior, reforçam essa tendência.
No primeiro semestre de 2025, a produção de carne aumentou 122 mil toneladas em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas as exportações avançaram ainda mais, somando 164 mil toneladas. Como resultado, a oferta interna caiu 42 mil toneladas, o equivalente a cerca de 170 mil cabeças de gado. Apesar de pequeno diante do total de abates realizados de janeiro a julho, esse déficit já é suficiente para pressionar o preço da carne no Brasil — reconhecida mundialmente por sua qualidade.
Preço no mercado interno
Semestralmente, os frigoríficos brasileiros processam cerca de 20 milhões de bovinos, o que resulta em aproximadamente 10 milhões de toneladas de carne por ano, incluindo cortes como costela, alcatra, maminha, bife e picanha.
O principal consumidor é o mercado interno. Em 2024, 75% da produção foi destinada ao consumo doméstico. No primeiro semestre de 2025, essa fatia caiu para 71%, aumentando a pressão sobre os preços. No campo, o valor do boi vivo subiu 30% em um ano, passando de R$ 15 para R$ 20 por quilo.
Brasil: maior exportador mundial
Segundo estimativas do governo dos Estados Unidos, nenhum país exporta mais carne bovina que o Brasil. Em 2025, o país responde por quase 30% do comércio global de carne.
Dados do governo federal indicam que mais de 100 países consomem carne brasileira, com 1,5 milhão de toneladas vendidas no primeiro semestre, gerando receita de US$ 8 bilhões. O segredo do sucesso está na criação a pasto, com gado solto, que resulta em cortes mais macios e saborosos, valorizados no mercado internacional.