
O ditador venezuelano Nicolás Maduro anunciou nesta quinta-feira (18) que militares vão a comunidades do país para treinar civis no uso de armas. A medida ocorre em meio a tensões com os Estados Unidos, que enviaram navios de guerra ao Caribe sob o pretexto de combater o narcotráfico.
Segundo Maduro, unidades da Força Armada Nacional Bolivariana sairão dos quartéis no próximo sábado (20) e se instalarão em bairros e cidades para instruir voluntários.
“A Força Armada Bolivariana vai até o povo, às comunidades, para revisar e ensinar todos os que se alistaram, homens e mulheres, no manuseio de armas”, declarou o ditador durante evento transmitido pelo canal estatal VTV. Será a primeira vez que essa estrutura militar se deslocará diretamente à população.
O anúncio ocorreu um dia após o início de exercícios militares na ilha caribenha de La Orchila, a 65 km da costa venezuelana. As manobras, que durarão três dias, foram apresentadas pelo regime como demonstração de força diante da frota americana presente na região desde o início de setembro.
A iniciativa representa a ação mais ostensiva de Maduro desde que Washington aumentou sua presença militar no Caribe. Em menos de três semanas, os EUA afirmaram ter destruído três embarcações suspeitas de transportar drogas, resultando em pelo menos 14 mortos.
A Casa Branca acusa o regime venezuelano de manter ligações com o narcotráfico. No fim de agosto, ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 273 milhões) pela captura de Maduro, que não é reconhecido como líder legítimo por Washington nem pelas principais democracias das Américas e da União Europeia.
Durante a transmissão, Maduro voltou a acusar os EUA de planejar uma intervenção para derrubá-lo e explorar os recursos naturais da Venezuela:
“O que está por trás é um plano imperial para impor um governo marionete dos EUA e roubar nosso petróleo, a maior reserva do mundo, e nosso gás, a quarta maior reserva global. Isso não aconteceu e não vai acontecer.”
Os exercícios americanos também incluem aeronaves. Segundo o Pentágono, caças F-35 foram deslocados para Porto Rico para apoiar a frota.
Maduro afirmou que a mobilização não tem a intenção de iniciar um conflito, mas de preparar o país: “Nós não nos metemos com ninguém, mas nos preparamos caso seja necessário.”