Brasil – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, decidiu não integrar a comitiva brasileira que vai aos Estados Unidos na próxima semana para a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Em nota, a pasta afirmou que a decisão foi tomada após o governo de Donald Trump impor restrições ao visto do ministro.

“Em comunicado recebido da Missão dos Estados Unidos para as Nações Unidas, o Ministério da Saúde do Brasil foi informado da proibição imposta ao ministro Alexandre Padilha de participar presencialmente da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde”, informou o ministério.

“A decisão viola o Acordo de Sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar as suas propostas no mais importante fórum global de saúde para as Américas. O país é uma referência em saúde pública mundial e um dos principais articuladores de ações voltadas à defesa da vacina, da ciência e da vida.”

Padilha teria circulação restrita

O visto concedido pelos EUA só permitiria que Padilha fizesse deslocamentos restritos do hotel para a ONU, além de instalações médicas em caso de emergência.

De acordo com o Ministério da Saúde, “em razão dessas limitações infundadas e arbitrárias ao exercício diplomático brasileiro“, Padilha vai permanecer no Brasil, dedicado à votação da Medida Provisória do Programa Agora Tem Especialistas no Congresso Nacional.

“Não se trata de uma medida de retaliação ao ministro, mas ao que o Brasil representa na luta contra o negacionismo que retira o direito de crianças de se vacinarem e guia os retrocessos relacionados à saúde que a população norte-americana enfrenta”, concluiu o ministério.

Trump e a revogação de visto dos brasileiros

Nos últimos meses, o governo Trump revogou vistos de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em resposta à acusação e posterior condenação de Jair Bolsonaro (PL) por uma tentativa de golpe de Estado; e os da esposa e da filha de Padilha e de médicos que trabalharam para o Ministério da Saúde durante o programa Mais Médicos, que se baseava numa parceria com o governo cubano para a contratação de profissionais do país.