No discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), em Nova Iorque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra” no cenário internacional.

“Existe um evidente paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia”, disse Lula, em um pronunciamento que contrastou diretamente com as políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que discursou na sequência.

O posicionamento do presidente brasileiro ocorre um dia após a Casa Branca incluir Viviane Barci, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, na Lei Magnitsky, e revogar o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, em reação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado — que Trump descreve como uma “caça às bruxas” do Judiciário brasileiro.

Desde que Bolsonaro passou a ser alvo do STF, os EUA aplicaram sanções individuais a autoridades brasileiras e tarifas de 50% sobre produtos do país. Lula classificou essas medidas como ataques à soberania nacional e reforçou a importância da responsabilização do ex-presidente.

“Pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentado ao Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado em um processo detalhado, com amplo direito de defesa — prerrogativa negada pelas ditaduras. Diante do mundo, o Brasil enviou um recado claro a todos os candidatos autocratas e seus apoiadores: nossa democracia e soberania são inegociáveis”, afirmou.