A Liga Independente das Escolas de Samba do Amazonas (LIESA-AM) convocou uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (18) para expor uma série de problemas que, segundo a entidade, ameaçam diretamente a realização do Carnaval de Manaus 2026. A avaliação dos dirigentes é que atrasos sucessivos, ausência de planejamento, decisões unilaterais e interferências externas criaram um cenário de instabilidade que coloca em risco os desfiles previstos para 14 de fevereiro.

Participaram do encontro representantes das escolas Aparecida, A Grande Família, Andanças de Ciganos e o vice-presidente da Vitória Régia. Mesmo ausente, o presidente da Presidente Vargas manifestou apoio à posição da LIESA-AM. Os dirigentes afirmaram que tentativas de diálogo com a Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (SEC) não avançaram, resultando em um ambiente considerado desorganizado e sem segurança administrativa.

Entre as principais denúncias estão a inexistência de um calendário oficial, a não realização da escolha da Corte do Carnaval e a apresentação de um regulamento elaborado sem discussão prévia, com exigência de assinatura imediata por parte das escolas como condição para acesso a repasses financeiros.

Para a LIESA-AM, a condução atual demonstra fragilidade institucional e compromete a credibilidade do evento. A entidade também criticou a interferência externa em regras e critérios técnicos, apontando que esse tipo de prática descaracteriza o caráter competitivo do desfile e abre margem para questionamentos sobre a lisura dos resultados.

Presidentes de escolas destacaram ainda que o modelo imposto inviabiliza qualquer planejamento interno, além de criar um ambiente propício a disputas políticas dentro de um evento cultural. A avaliação é que, sem autonomia e transparência, o Carnaval deixa de ser técnico e passa a ser dirigido por interesses alheios às agremiações.

Durante a coletiva, foi ressaltado que os impactos vão além das escolas de samba, atingindo diretamente profissionais como costureiras, aderecistas, ferreiros, músicos, coreógrafos e técnicos, além de afetar comunidades inteiras e a economia criativa da capital amazonense.

Representantes da Vitória Régia também defenderam mudanças imediatas e alertaram que a manutenção do atual cenário representa um grave retrocesso para o Carnaval de Manaus.

Ao final, a LIESA-AM foi enfática ao afirmar que, sem retomada do diálogo, respeito à autonomia das escolas e regras claras, o Carnaval de Manaus 2026 corre sério risco de não acontecer, com prejuízos duradouros para a cultura popular do Amazonas.

Em nota, a Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa informou que a falta de consenso entre as oito escolas do Grupo Especial tem dificultado o avanço da organização do evento. A pasta afirma que, desde setembro de 2025, vem promovendo reuniões para definir coordenação, direção, regulamento e calendário, mas as divergências internas entre as agremiações impediram a formalização das decisões necessárias. A secretaria reforçou que permanece disponível para dar continuidade ao processo assim que houver definições consensuais, destacando que não é possível liberar recursos públicos sem diretrizes oficialmente estabelecidas.