O mercado brasileiro de maconha medicinal movimentou cerca de R$ 700 milhões em 2023, de acordo com a consultoria Kaya Mind, que prevê a marca de R$ 1 bilhão como próxima meta. Apesar do crescimento, o setor ainda depende fortemente de importações, uma vez que o cultivo local é restrito a associações com decisões judiciais favoráveis.

Estados que distribuem gratuitamente medicamentos à base de cannabis gastaram cerca de R$ 80 milhões em importações no último ano, valor que pode aumentar à medida que mais unidades federativas discutem projetos de lei sobre o tema. Paralelamente, a Embrapa busca liderar o avanço nacional no cultivo da planta, vislumbrando oportunidades medicinais e industriais.

A Embrapa apresentou um plano à Anvisa para iniciar pesquisas em quatro etapas ao longo de até 12 anos. O foco inclui desde o desenvolvimento de variedades adaptadas ao Brasil até técnicas de manejo e colheita, além de estudos sobre impactos econômicos e ambientais. O programa aborda também o cânhamo industrial, uma subespécie com baixo teor de THC, amplamente utilizada em fibras, biocombustíveis e outros setores.

O cânhamo tem ciclos curtos e alta produtividade, podendo gerar quatro vezes mais papel por hectare do que o eucalipto. Segundo a Kaya Mind, a regulamentação do cultivo industrial pode render mais de R$ 300 milhões em impostos nos primeiros quatro anos. Contudo, o uso medicinal ainda depende da liberação do plantio de espécies com maior teor de THC, essencial para reduzir custos e ampliar o acesso.

“O Brasil tem potencial para ser líder mundial no cultivo de cânhamo e cannabis medicinal, mas precisa superar estigmas e se posicionar de forma estratégica”, afirma Luís Maurício, presidente da ABCI. Especialistas destacam que o avanço dessa pauta pode beneficiar não apenas o mercado, mas também milhares de pacientes que hoje enfrentam altos custos com produtos importados.