Pré-candidato ao Senado em 2026, o deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM) está envolvido em uma grave denúncia revelada pelo Estadão: ele foi relator de uma medida provisória aprovada em 2021 que flexibilizou o controle sobre descontos em folha de pagamentos do INSS. A mudança, que inicialmente visava ajustes em função da pandemia, acabou abrindo caminho para fraudes em série contra aposentados e pensionistas.

Na prática, a proposta relatada por Alberto Neto afrouxou regras que protegiam os beneficiários, ao permitir que autorizações para descontos fossem prorrogadas sem revalidação anual. O texto deu margem para que entidades passassem a cobrar mensalidades de forma indevida, sem consentimento dos aposentados.

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal apontam que o esquema se intensificou a partir de 2023, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Organizações como a Contag e a Cobap, atualmente investigadas, teriam sido diretamente beneficiadas. Os valores descontados eram baixos o suficiente para passarem despercebidos, mas, em escala nacional, causaram um rombo bilionário.

No Amazonas, estado de origem do deputado, os efeitos foram ainda mais severos, afetando milhares de aposentados. Em vez de defender sua base eleitoral, Alberto Neto acabou contribuindo para um sistema que explorou financeiramente os mais vulneráveis.

Em março de 2024, a Polícia Federal deflagrou uma operação com 211 mandados de busca e apreensão, seis prisões e bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens. A ação alcançou o Distrito Federal e 13 estados — entre eles, o Amazonas.

Diante da dimensão do escândalo, cresce a pressão sobre o deputado, cuja atuação legislativa foi fundamental para viabilizar o golpe. Seu discurso de defesa da ordem pública entra em choque com a realidade de uma medida que desprotegeu milhões de brasileiros.