
O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (17) que enfrentará o julgamento sobre a suposta tentativa de golpe de Estado porque, segundo ele, não há outra saída. Foi a primeira vez que Bolsonaro adotou um tom mais pessimista em relação ao processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF). “Vou enfrentar o julgamento, não tenho alternativa”, declarou Bolsonaro na entrada do Senado, após visitar o gabinete do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Na segunda-feira (14), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao STF o parecer final na ação penal nº 2.668, que apura uma suposta trama golpista. O documento, com 517 páginas, pede a condenação de Bolsonaro por liderar organização criminosa, tentativa de abolir de forma violenta o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado com violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com prejuízos relevantes e deterioração de bem tombado.
Após a entrega das alegações finais do Ministério Público, começou a contagem do prazo para a manifestação da defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator no processo. Em seguida, abre-se o prazo conjunto para as demais defesas, incluindo a de Bolsonaro. A expectativa é que todos os argumentos estejam apresentados até 11 de agosto, já que os prazos não são interrompidos durante o recesso do Judiciário em julho. Com isso, o julgamento de Bolsonaro e seus aliados pode ocorrer entre agosto e setembro.
Ainda nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que, se tivesse o passaporte liberado, poderia viajar aos Estados Unidos para negociar diretamente com o ex-presidente Donald Trump sobre a nova taxação de 50% sobre produtos brasileiros. “Eu estou em condições, se o Lula me der meu passaporte, eu negocio com o Trump”, afirmou. Apesar da declaração, a autorização para que Bolsonaro volte a ter o passaporte cabe ao STF, que determinou sua apreensão em 2023.