
Manaus – Segundo informações que circulam nos bastidores políticos em Brasília, o pré-candidato ao Senado pelo Amazonas, advogado e ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, teria encaminhado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o vídeo em que o vereador de Manaus, Sargento Salazar (PL), faz ataques e profere xingamentos ao magistrado durante um ato bolsonarista na capital amazonense.
De acordo com fontes ligadas à articulação, a ação pode resultar na abertura de um inquérito contra o parlamentar do PL, que é conhecido por seu alinhamento ideológico ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O episódio ocorreu no último domingo (3), em um ato público realizado em Manaus. Durante seu discurso, em cima de um trio elétrico, o vereador chamou Moraes de “leproso” e “cabeça de ovo”, inflamando apoiadores. “Contem comigo, meus amigos, que vai daquele jeitão. E pau no cabeça de ovo, aquele leproso”, afirmou Salazar.
Perfil de Sargento Salazar
Sargento Salazar tem 41 anos, é policial militar e empresário, e foi o vereador mais votado de Manaus nas eleições de 2024, com 22.594 votos. Apesar de não possuir ensino superior, ganhou notoriedade com vídeos de abordagens policiais e comentários sobre segurança pública nas redes sociais, onde mantém expressiva audiência. Somente no Instagram, possui mais de 629 mil seguidores. No TikTok, ultrapassa 500 mil, e no YouTube está próximo de atingir 1 milhão de inscritos.
Salazar se apresenta como conservador, defensor da família e ferrenho apoiador de Bolsonaro. No entanto, sua trajetória política é marcada por controvérsias.
Denúncia por homicídio e histórico judicial
O vereador é formalmente denunciado pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) por homicídio qualificado. O caso ocorreu em junho de 2019, quando, de folga, perseguiu dois suspeitos de assalto em uma motocicleta, colidiu com o veículo e atirou seis vezes contra um deles. Felipe Kevin de Oliveira Costa, de 27 anos, morreu no local. A investigação apontou que a vítima não estava armada nem foi reconhecida pela vítima do assalto, contrariando a versão de legítima defesa apresentada por Salazar.
Além do caso de homicídio, o parlamentar é citado em ao menos 24 investigações ou processos desde 2009, incluindo acusações por abuso de autoridade, extorsão, crimes militares e três outras mortes. Apesar das denúncias, mantém forte presença pública e diz ser vítima de perseguição e fake news. Ele também ameaça processar veículos de imprensa.