AME3188. BELÉM (BRASIL), 28/04/2025.- Fotografía del 23 de abril de 2025 donde se observa el mercado de Ver-O-Peso, durante las obras de adecuación para acoger la COP 30, en la ciudad de Belém (Brasil). La ciudad brasileña de Belém se apresura a terminar decenas de obras prometidas para la Conferencia sobre el Cambio Climático de la ONU (COP30) que se celebra en noviembre, una situación que los habitantes describen como “caótica”, pero que, al mismo tiempo, ven con esperanza. EFE/ Isaac Fontana

Mesmo sob investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de irregularidades em contratos públicos, a construtora J.A Construcons segue normalmente suas atividades e está à frente de um projeto milionário financiado com recursos públicos no Pará. A empresa faz parte do consórcio Canal Benguí, responsável por obras de adequação de canais em Belém, parte dos preparativos da cidade para a COP30, prevista para 2025.

O contrato, orçado em R$ 123 milhões, tem 87% dos trabalhos concluídos e conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apesar das investigações, nenhuma ação foi tomada para suspender ou revisar o acordo.

A situação se agrava ao envolver nomes como a empresária Andrea Dantas, esposa do deputado federal Antônio Doido (MDB-PA), e o secretário estadual de Obras Públicas, Ruy Cabral, também investigados em outro inquérito da PGR. Esse segundo processo apura um contrato de R$ 142 milhões que foi cancelado após a prisão de um policial militar acusado de movimentações financeiras suspeitas.

De acordo com a PGR, no mesmo dia em que o consórcio venceu a licitação do contrato cancelado, o policial Francisco Galhardo sacou R$ 6 milhões em espécie e manteve contato direto com o secretário Ruy Cabral. O Ministério Público investiga um possível esquema de corrupção envolvendo as construtoras J.A Construcons e JAC Engenharia, atuando dentro de estruturas públicas e políticas do Pará.

Apesar do quadro preocupante, o governo federal, por meio do BNDES, mantém postura passiva, afirmando que sua atuação se limita ao “acompanhamento técnico e financeiro” dos repasses e que não foi formalmente informado sobre irregularidades.

O governo do Pará, em nota, afirmou que todas as contratações seguem a legislação vigente e negou vínculos comerciais com membros da Polícia Militar. Também negou que o secretário Ruy Cabral tenha se reunido com o policial citado ou recebido notificações sobre processos oficiais.

A defesa do deputado Antônio Doido classificou as acusações como “ilações” e repudiou o vazamento das informações, afirmando que o parlamentar está à disposição das autoridades e confia na legalidade dos atos praticados durante seu mandato.