Apesar de a Polícia Federal não ter encontrado indício da participação do vice-governador Carlos Almeida na organização criminosa que superfaturou a compra de respiradores no auge da pandemia de Covid 19 no Amazonas, ele foi incluído na denúncia feita ao Superior Tribunal de Justiça pela subprocuradora Lindôra Araujo. A inclusão de Carlos, ao lado de Wilson Lima e outros servidores,  revela o grau de politização da PGR, e a retaguarda dada a grupos que trabalhavam para manter o governador sangrando, mas no cargo,  até 2022.

Como o cenário mudou, com a investida do Palácio do Planalto contra os governadores, que segundo o presidente  Bolsonaro “roubaram recursos federais destinados a combater o coronavírus”,  a PGR parece ter entendido ser urgente a denúncia, até para retirar os holofotes postos sobre o presidente, acusado de negacionismo e de ter contribuído para milhares de mortes em todo o país.

O que não mudou foi o objetivo dos grupos que preferem ou preferiam Wilson Lima no cargo, sangrando. Se tiver que ser afastado pelo STJ, como pediu a PGR, o vice-governador deverá afundar no mesmo barco. Sua inclusão na denúncia mostra que esses grupos mantém forte influência na PGR.

E por que temer Carlos?  Porque, apesar dos muitos defeitos de relacionamento, é mais qualificado, mais preparado do que Wilson Lima,  e muito provavelmente interferiria no processo sucessório de 2022.

Resta apostar que o ministro relator do caso no STJ, Francisco Falcão, aponte falhas na peça acusatória, considerando o que de fato foi apurado nas investigações da Policia Federal, que não identificou a participação de Carlos na Organização Criminosa.  Apostar não é o termo correto, é o senso e a responsabilidade pela aplicação da lei.

O que tem de correto na denúncia é que o governador Wilson Lima é chefe da organização  criminosa, como bem colocou a subprocuradora Lindôra Araújo, e cujo trecho  transcrevo abaixo:

“Os fatos ilícitos têm sido praticados sob o comando e orientação do governador do estado do Amazonas, Wilson Miranda lima, o qual detém domínio completo e final não apenas dos atos relativos a aquisição de respiradores para o enfrentamento da pandemias mas também de todas as demais ações governamentais relacionadas a questão, no bojo das quais atos ilícitos tem sido praticados”.

Incluir Carlos Almeida na denúncia-crime contra Wilson Lima no STJ  é só uma invenção,  um subterfúgio,  uma tentativa  de agradar alguns, marginalizando quem nenhuma culpa tem nesse triste episódio que marcou a história do Estado do Amazonas.

 

Fonte: Portal do Holanda