Durante a sessão desta quinta-feira, dia 27, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD) defendeu que o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, também seja convocado para depor na CPI da Covid, no Senado Federal em Brasília.
De acordo com o deputado, há vários indícios de crimes durante a gestão de Arthur Neto, indo do sobrepreço ao superfaturamento de contratos durante o início da pandemia do novo coronavírus. O mandato do ex-prefeito terminou em 2020.
“O ex-prefeito Arthur Neto tem muito a explicar à CPI da Pandemia e ao povo de Manaus. Ele precisa explicar o que foi feito de verdade, não aquelas explicações midiáticas, mas na prática: o que foi realizado e o que foi deixado para a nova administração enfrentar esse grave problema. Ele é um ‘leão’ para defender seu enteado, mas ele vira uma ‘coala’ para defender os interesses de Manaus”, disse o deputado.
De acordo com o deputado estadual, uma das coisas que precisam ser investigadas é o suposto gasto de R$ 14,5 milhões somente com o extinto Hospital de Campanha Gilberto Novaes, o que segundo ele não condiz com a realidade da unidade que operou por 71 dias.
De acordo com dados oficiais, o contrato de lavanderia hospitalar de Arthur Neto pagou R$ 11 pelo quilo da roupa suja, enquanto o preço praticado no mercado chega a pouco mais de R$ 3, conforme observou o deputado. Para esterilização de materiais hospitalares, a gestão de Arthur gastou R$ 500 mil, valor dez vezes maior que o necessário para atender à demanda da unidade. Já a limpeza do hospital consumiu R$ 3 milhões dos cofres públicos.
Com o medicamento azitromicina, Arthur Neto torrou R$ 850 mil para a compra de 250 mil comprimidos. O contrato para aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) chegou a R$ 3 milhões. Para Ricardo Nicolau, o valor é inexecutável.
“Não existe a mínima possibilidade de se gastar R$ 3 milhões de EPIs naquele hospital que atendeu pouco mais de 750 pessoas. Seria em torno de R$ 4 mil por paciente só com EPIs. Não há a mínima possibilidade”, criticou.
“Eu nunca vi tamanho descaramento e certeza de impunidade. Tudo isso me chamou atenção porque eu estava ali no dia a dia e a prefeitura muito pouco aparecia. O prefeito Arthur, em vez de ter cuidado das pessoas, achou na pandemia uma maneira de se beneficiar. Ele tem muito a esclarecer: a omissão, a negligência, a corrupção e o que ele fez para a segunda onda”, pontuou Ricardo Nicolau.
Para o deputado Ricardo Nicolau, é preciso apurar as responsabilidades pelas falhas na condução da pandemia que tornaram o Amazonas campeão mundial em mortes por Covid-19, incluindo nas investigações o ex-prefeito Arthur Neto, que administrou a capital durante toda a primeira onda e o início da segunda. Segundo ele, o fechamento precoce do hospital de campanha contribuiu para a gravidade da segunda onda.
“Ele mesmo (Arthur) falava que acreditava na segunda onda e mesmo assim mandou fechar o hospital de campanha que estava pronto, preparado, com 180 leitos para atender à população. Eu nunca vi poder público fechar hospital. Se ele achava que haveria a segunda onda, por que fechar o hospital?”, questionou o parlamentar, lembrando que solicitou diversas vezes do ex-prefeito a manutenção da unidade.
 
			





