Uma pesquisa realizada pelo Nova Escola mostrou que 72% dos professores apresentaram distúrbios mentais durante a pandemia. O estudo foi realizado com 1900 educadores, do dia 3 a 6 de agosto de todo o Brasil. Quadros de depressão, ansiedade e estresse foram os mais identificados.

Para a professora, Maria Hozana Nascimento, esse período foi estressante. Professora há dez anos, ela dá aulas para o 1º ano do Ensino Fundamental na rede pública e teve o maior desafio ao lidar com o “novo”. “No início foi muito difícil, porque foi preciso nos reinventarmos. Aprendemos a usar ferramentas que, até então, não tínhamos domínio. Foram muitos dias e noites de ansiedade, quase um desespero total”, desabafa.

Após a experiência, Hosana tenta visualizar a situação com positividade. “O lado bom foi o aprendizado dessas novas ferramentas que sei dominar agora. Eu prefiro a aula presencial, com toda certeza, mas ainda estamos em home office e não há previsão para o retorno”, conta.

A realidade de Hosana representa professores que passaram e ainda passam pela mesma situação. A psicóloga Raquel Lemos explica o porquê dos números alarmantes do levantamento. “Ninguém estava preparada com essa mudança. Foi uma transformação brusca e repentina que causou um grande impacto na vida dos professores. O número de afastamentos por questões mentais triplicou. Muitos apresentando síndrome de burnout, ansiedade generalizada e depressão”, alerta.

De lar à sala de aula

O estresse que a professora Maria Hosana passou foi justamente se enquadrar à tecnologia e transformar sua casa em uma sala de aula. “A maior dificuldade foi a organização do espaço para trabalhar em casa e o tempo para atender as demandas diárias sem horários pré-estabelecidos”, alega.

Sobre essa mudança, a psicóloga mostra que os professores tiveram que aprender novas habilidades para chamar a atenção do aluno, sem estar com ele presencialmente, dificultando ainda mais o processo. “Como fazer do seu lar um escritório, ou melhor, uma sala de aula de um dia para o outro?  O professor foi obrigado a se reinventar no meio dessa confusão. Como aprender tecnologia tão rápido assim? Como entreter alunos através de uma tela? É muita pressão! Cada educador passou a ter uma rotina em jornadas duplas ou até triplas, se somados os trabalhos domésticos e a educação dos próprios filhos”, exemplifica.

Dicas para cuidar da saúde mental

Diante dos efeitos da pandemia e da sobrecarga emocional e física dos profissionais de educação, existe uma necessidade de descanso. “É fundamental dar atenção a esses profissionais que tanto tiveram que se reinventar nesse momento. Ninguém sairá ileso dessa pandemia, mas precisamos ter cuidado com o adoecimento mental. Os educadores precisam ter uma qualidade de vida, quem sabe buscar formas de estar perto da família, fazer atividades recreativas, desacelerar sempre que possível e conversar com amigos. O momento é de empatia e compreensão”, orienta.

Fonte: Em tempo