O estudo foi feito por pesquisadores da universidade King’s College, em Londres, e em cada grupo há diferentes níveis de características e gravidade. Os dados utilizados pela equipe foram coletados do aplicativo inglês COVID Sympston Study App, que permite aos usuários o compartilhamento de informações sobre o coronavírus.
De acordo com a pesquisa, foi analisado um grupo de 1,6 mil usuários que testaram positivo para o vírus e compartilharam os sintomas no aplicativo entre os meses de março e abril, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Os grupos foram divididos em “gripe” com e sem febre, gastrointestinal, grave nível um (fadiga), grave nível dois (confusão) e grave nível três (abdominal e respiratório), onde:
- “Gripe” sem febre: enxaqueca, perda de olfato, dor muscular, tosse, dor de garganta, dor no peito
- “Gripe” com febre: enxaqueca, perda de olfato, tosse, dor de garganta, rouquidão, perda de apetite
- Gastrointestinal: enxaqueca, perda de olfato, perda de apetite, diarreia, dor de garganta, dor no peito, sem tosse
- Grave nível um (fadiga): enxaqueca, perda de olfato, tosse, febre, rouquidão, dor no peito, fadiga
- Grave nível dois (confusão): enxaqueca, perda de olfato, perda de apetite, tosse, febre, rouquidão, dor de garganta, dor no peito, fadiga, confusão, dor muscular
- Grave nível três (abdominal e respiratório): enxaqueca, perda de olfato, perda de apetite, tosse, febre, rouquidão, dor de garganta, dor no peito, fadiga, confusão, dor muscular, dificuldade respiratória, diarreia, dor abdominal
Alguns sintomas como dor abdominal e dificuldade respiratória, e confusão, não são reconhecidos como sintomas oficiais da Covid-19. O médico infectologista Marcelo Cordeiro explica que os sintomas e a gravidade da Covid-19 dependem de diversos fatores.
“Como ocorre em todas as doenças infecciosas, fatores relacionados ao vírus, a própria pessoa e ao ambiente em que ela vive serão fatores determinantes. Não há um único fator. Por exemplo, a quantidade de vírus que a pessoa se expôs, a idade, fatores genéticos, doenças associadas (como diabetes e hipertensão arterial) e se tem acesso a serviço de saúde de qualidade, são aspectos importantes na evolução dos pacientes com Covid-19”, explica o especialista.
A porcentagem de pessoas que expressaram os sintomas dos três primeiros grupos foi baixa, entre 1,4% e 4,4%, enquanto nos outros três grupos marcaram entre 8,6% e 19,8% de pessoas sintomáticas. Além disso, outro dado importante foi que quase 50% dos pacientes do último grupo, grave nível três, necessitaram ir para o hospital. Já no primeiro grupo, o índice foi de 16%.
Marcelo explica ainda que é preciso diferenciar o tipo de Covid-19 do ponto de vista clínico ou virológico. Do ponto de visto clínico, saber se é uma forma mais leve ou grave é muito importante para se estabelecer o tipo de tratamento e o acompanhamento da pessoa. Saber o tipo de vírus significa saber as variantes genéticas do SARS-CoV-2 e isso tem enorme importância em termos de saúde pública, pois a partir desses dados é possível estabelecer como está se dando a disseminação do vírus na comunidade.
“As pessoas que adoecem por Covid-19 podem se apresentar com diversas formas clínicas, pois o vírus pode acometer qualquer órgão ou sistema do organismo. Quanto ao desfecho final, a grande maioria vai ser recuperar totalmente. Os resultados [da pesquisa] são interessantes e promissores, mas precisam ser melhor avaliados em outros cenários epidemiológicos para que possa ser demonstrada sua utilidade”, conta o especialista.
Os pesquisadores desenvolveram um modelo combinando dados como idade, sexo, Índice de Massa Corporal (IMC) e condições pré-existentes, juntamente com os sintomas coletados depois de cinco dias do início da manifestação dos sintomas. Esse modelo serviu para premeditar em que grupo o paciente se encaixaria e os riscos dele necessitar ser internado e utilizar aparelhos respiratórios.
Levando em consideração que os pacientes geralmente são hospitalizados após 13 dias do início dos sintomas, esses oito dias de diferença representam um alerta precoce para os que precisariam de cuidados médicos mais intensivos.
Fonte: EM TEMPO