Antes da chegada das primeiras unidades no Brasil, o Ministério da Saúde já alertava para a margem de erro de 75% dos testes rápidos que detectam o novo coronavírus (Covid-19) no organismo humano. Na prática, as pessoas que realizam um teste rápido e que recebe o resultado negativo pode na verdade, estar ou já ter sido contaminada por Covid-19 – os chamados “falsos negativos”.

Apesar disso, as autoridades de saúde reconhecem o grau de importância que estas testagens têm na catalogação de casos confirmados, para estudar medidas de contenção e proliferação do vírus, por exemplo.

O farmacêutico-bioquímico, especialista em Saúde Pública e Privada e mestre em Biologia Urbana, Alexandre Targino da Soledade, afirma que por conta do coronavírus ser uma doença nova que gerou uma pandemia global, a “avalanche de informações” deve ser filtrada e entregue para os pacientes de forma límpida e transparente.

“O laboratório clinico que tem seus processos e procedimentos muito bem definidos e equipe técnica treinada para a coleta e realização do teste de COVID-19 são municiados de protocolos exigidos para a realização do teste em questão e se tratando de uma pandemia mundial, onde se tem uma avalanche de informações; informações essas que devem chegar de forma límpida e transparente ao paciente quanto à procura do profissional médico para verificar a necessidade de realização do teste ou não e por qual metodologia, por se tratar de uma doença nova, com várias prerrogativas e particularidades, exemplo disso é paciente apresentando um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves”, ressaltou o bioquímico.

Erros comuns

Todo processo que envolve pessoas está sujeito a erros. No entanto, em caso de laboratórios, esses erros podem ser críticos. Segundo o especialista, os erros mais comuns de laboratórios que carecem de gestão de qualidade eficaz, são estes a seguir.

1) Recepção inadequada

O cadastramento equivocado do paciente ou dos pedidos é um dos erros mais comuns, ainda na fase pré-analítica. Seja por desatenção, pela dificuldade de transcrição das solicitações médicas e a falta de processos para realizar o cadastro do paciente gera prejuízos para o laboratório e, acima de tudo, transtornos para o paciente.

Na recepção, o primeiro passo é definir com clareza os processos, procedimentos e treinamento interno. É fundamental definir as informações obrigatórias para o cadastramento de clientes guiados por um software informatizado.

Além disso, é crucial que fique claro a importância do preenchimento completo e correto do cadastro do paciente durante o treinamento inicial e de reciclagem do colaborador. Em muitas situações, o recepcionista não sabe da importância do cadastramento correto.

Outro ponto é a nomenclatura dos exames. Também é essencial que o funcionário saiba os diversos nomes que o mesmo exame possa ter, quais são os mais comuns e quais são os novos. Com isso, o processo se torna mais rápido e o índice de erros é diminuído.

2) Coleta imprópria

O maior número de erros por falta de gestão da qualidade em laboratórios de análises clínicas está na área de coleta. Etiquetagem incorreta do tubo, uso de tubos ou recipientes impróprios, erros na identificação do paciente e extravio de tubos são descuidos frequentes do setor.

3) Armazenamento incorreto de amostras

O transporte de amostras, de acordo com a resolução RDC 302/2005 da Anvisa, deve ser feito em recipiente isotérmico, garantindo a estabilidade desde a coleta até a realização do exame. Armazenar corretamente as amostras evita resultados errados e perda de materiais.

4) Análise rigorosa das amostras coletadas

Na fase laboratorial analítica, o profissional precisa dominar os processos tecnológicos envolvidos nas análises de amostragem e estar atento para monitorar e garantir a qualidade dos resultados, verificando instrumentos e reagentes. Isso ajuda a identificar gargalos e corrigir problemas sem precisão e exatidão que não estejam em conformidade com o Controle Interno da Qualidade.

5)  Interpretação incorreta dos laudos

Cerca de 70% das decisões médicas são orientadas por laudos laboratoriais. Por isso, é muito comum a presença de erros nesta etapa do processo, o que pode gerar deslizes na interpretação de resultados e na tomada de decisões. Estar atento para uma análise das amostras para gerar valores assertivos acarreta em melhores diagnósticos tanto para o médico, quanto para o paciente. Redução de erros significa ganhar confiança, aumento da qualidade e fidelização dos pacientes.

6) Erros de digitação

O repasse de dados emitidos para finalização de laudos sem interfaceamento com equipamentos depende do trabalho de um digitador – profissional responsável por transcrever resultados que serão disponibilizados aos pacientes e médicos dentro do ambiente laboratorial. Diante de um alto número de resultados, a similaridade de informações pode levar a erros de digitação. Para evitar esse tipo de problema, é recomendado o uso de sistema que permita a parametrização dos valores normais, acusando resultados discrepantes e bloqueando a digitação de resultados muito elevados.

7) Não observar prioridades e urgências

A área técnica do laboratório representa um dos principais erros nas análises clínicas. Uma empresa, seja de qualquer setor, depende da capacidade de operação e, não enxergar quais atendimentos são de prioridade é um engano que pode ser fatal. Neste tópico, novamente fica claro a necessidade de um software informatizado que evidencie a fila de exames prioritários, evitando multas contratuais e insatisfação de planos de saúde e hospitais. É importantíssimo definir urgências, estabelecer prazos e orientar com rapidez os profissionais de cada organização.

Fonte: Em tempo