Acompanhantes de pacientes internados com Covid-19 no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Zona Sul, em Manaus, relatam pânico e fazem apelo para conseguir oxigênio nesta sexta-feira (15). Com internações batendo recordes, as unidades de saúde da capital do Amazonas ficaram sem o insumo, e os pacientes precisaram ser transferidos para outros estados.

O auxiliar de produção Erivelton Moraes, de 33 anos, contou que a mãe, de 65 anos, precisou ser reanimada. “Ela estava com muita falta de ar. Rodamos Manaus toda atrás de um leito e graças a Deus conseguimos aqui. Ela chegou com a saturação baixa, mas melhorou bastante. Só que essa manhã a saturação voltou a cair para 50 porque faltou oxigênio”, afirmou. “Hoje pela manhã recebi a notícia de que ela estava sendo reanimada pela falta de oxigênio“.

Quem também está com a mãe internada é o professor de Educação Física Saymon Eduardo. A mulher de 66 anos está intubada e, segundo ele, sofre com falta de oxigênio. “Minha mãe teve três paradas cardíacas ontem. O estado dela é grave, mas nós estamos comprando oxigênio e até cheguei a contratar por fora técnicos de enfermagem para ficar com ela. Estamos desesperados”, relatou.

A técnica de enfermagem Maday Vega disse que as cenas dentro do hospital são caóticas e os próprios funcionários não conseguem mais conter o choro na frente dos pacientes.

“Nós estamos em desespero. A gente está fazendo o que pode. Dói muito a gente estar cuidando de uma pessoa e numa outra hora a gente não poder fazer mais nada. É muito difícil. As autoridades precisam olhar pra gente da saúde e para as vidas que estão sendo perdidas. Isso é uma vergonha. Uma vergonha em Manaus”.

G1 esteve no hospital na manhã desta sexta-feira (15) e, além de acompanhar os relatos de familiares e profissionais da área da saúde, presenciou chegada de um caminhão da empresa White Martins com cerca de 20 cilindros de oxigênio. A empresa é uma das principais fornecedoras do estado.

Voluntários também estiveram no local para recolher os cilindros secos e levá-los para encher. A advogada Carmem Sapucaia era uma das que se disponibilizaram em ajudar uma empresa que queria fazer uma doação. “Viemos buscar e vamos levar para encher. É o que podemos fazer nesse momento, né?! Tentar ajudar quem precisa”, concluiu.

Fonte: G1 AM