O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, resolveu suspender a negociação para compra da vacina indiana Covaxin, cujo contrato foi assinado pelo Brasil em fevereiro. A tratativa era intermediada pela farmacêutica brasileira Precisa Medicamentos.
“Não é mais oportuno importar as vacinas neste momento”, disse o titular da Saúde.
A decisão atual do Ministério é pela suspensão do contrato, mas a possibilidade de cancelamento, porém, também é considerada. O contrato previa a compra de 20 milhões de doses do imunizante contra a Covid-19, desenvolvido pela empresa indiana Bharat Biotech.
No entanto, as doses nunca chegaram a ser enviadas ao País — os pedidos de importação das vacinas foram negados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sob a alegação de não atendimento a critérios técnicos.
A Covaxin foi ao centro da discussão política após depoimento do servidor público Luís Ricardo Miranda ao Ministério Público Federal (MPF). No relato, dado em 31 de março, o servidor do Ministério da Saúde afirmou ter sofrido “pressão atípica” para que os trâmites da compra fossem acelerados na Pasta.
Embora a negociação da compra da vacina já estivesse na fila para a CPI, a revelação do depoimento fez o tema virar um dos principais assuntos da comissão. Assim, tanto o servidor quanto o irmão dele, o deputado federal Luís Miranda (DEM), foram ouvidos pelos senadores na última sexta-feira, dia 25.
No depoimento, os irmãos disseram ter alertado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acerca das irregularidades. O presidente, além de ter dito que acionaria a Polícia Federal (PF), conforme o depoimento, teria relacionado o assunto ao deputado Ricardo Barros (PP), líder do Governo Federal na Câmara dos Deputados. O parlamentar negou envolvimento na negociação.