Brasil – Formando-se em Medicina, Juan Freitas fez um longo texto em homenagem ao pai, o boxeador Popó, que derrotou o ex-BBB Kleber Bambam no fim de semana. O rapaz de 24 anos escreveu em seu perfil no Instagram sobre o orgulho que sente, lembrando o passado de pobreza do pugilista:

“Foi com muita luta que ele conseguiu se consagrar Tetracampeão Mundial Unificado de Boxe e se tornar esse ídolo mundial… Mas isso nem se compara a maior luta que ele já enfrentou: a pobreza. Ele dormiu no chão de casa até os 23 anos de idade e lutou contra a fome e todas as dificuldades que a vulnerabilidade social poderia trazer. Meu pai é motivo de muito orgulho”.

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Mas é numa questão mais pessoal, referente à sua sexualidade, que Juan destaca a grande importância de Popó em sua vida. Ele lembra que, quando teve o direito de se assumir gay, segundo ele, “violado” (ele foi “tirado do armário” por pessoas próximas), o pai estava ali para apoiá-lo, incondicionalmente.

“Quando, durante a minha adolescência, tive o meu direito de me ‘assumir’ violado, sem a minha permissão e o meu consentimento, no maior momento de dor e incerteza na minha vida, ele me acolheu como ninguém e não virou as costas quando mais precisei, cumprindo com a sua obrigação de me amar e me respeitar independente de qualquer coisa. E, não ironicamente, foi quando ele me abraçou por ser quem eu sou, que finalmente nos conectamos como pai e filho. Foi de tamanha hombridade essa atitude que, sem isso, eu não chegaria tão longe”, conta Juan.

No fim da homenagem, o filho de Popó cita também a ajuda do pai em sua educação, fazendo com que hoje ele realize o sonho de ser médico. Juan revela ainda que abriu mão da festa de formatura parar ajudar instituições de caridade.

“Eu só queria agradecer ao senhor por ter me permitido realizar esse sonho. O senhor é provedor disso e me prometeu viver o meu propósito, nunca desistiu ou mediu esforços em persistir na minha educação. Obrigado por ter confiado em mim, nas minhas escolhas, na minha jornada. Eu não estaria aqui se não fosse por você. Carregarei esse nome com muita honra.

Saber de todas essas dificuldades passada por ele e, ao longo da minha vida, adquirir minha consciência de classe e do meu privilégio, eu decido abnegar do meu Baile de Formatura e converter o dinheiro em fundos para casas de apoio a crianças que vivem com AIDS e para casas de apoio para população LGBTQIAP+ em situação de vulnerabilidade social. As casas serão escolhidas pela gente, para que possamos transformar o mundo com pequenas ações no dia a dia”, contou Juan.

Leia o texto de Juan em homenagem ao pai na íntegra:

Quem me conhece sabe que eu não gosto do meu sobrenome. Além de trazer um desconforto fonético para os meus ouvidos, ele fala tão pouco sobre mim. De quem sou. Da minha história. Eu gosto mesmo é de Juan, embora haja vários no mundo, esse é único. Na verdade, o sobrenome conta a história do meu pai e da minha família. Meu pai se chama Acelino Freitas, mas muitos o conhecem como o “Popó”. Ele é um grande motivo de orgulho para o Brasil, para o mundo, pois foi com muita luta que ele conseguiu se consagrar Tetracampeão Mundial Unificado de Boxe e se tornar esse ídolo mundial, além de recordista por 29 nocautes consecutivo, com 41 vitórias de 43 lutas. Mas isso nem se compara a maior luta que ele já enfrentou: a pobreza. Ele dormiu no chão de casa até os 23 anos de idade e lutou contra a fome e todas as dificuldades que a vulnerabilidade social poderia trazer. Meu pai é motivo de muito orgulho. Quem o conhece, sabe a pessoa que ele é. Mesmo com todas as adversidades da vida ele manteve a fé, a garra, a determinação e a humildade. Ele transformou a realidade de toda a minha família e nos permitiu acreditar em um futuro melhor.

Quando, durante a minha adolescência, tive o meu direito de me ‘assumir’ violado, sem a minha permissão e o meu consentimento, no maior momento de dor e incerteza na minha vida, ele me acolheu como ninguém e não virou as costas quando mais precisei, cumprindo com a sua obrigação de me amar e me respeitar independente de qualquer coisa. E, não ironicamente, foi quando ele me abraçou por ser quem eu sou, que finalmente nos conectamos como pai e filho. Foi de tamanha hombridade essa atitude que, sem isso, eu não chegaria tão longe. Nossa relação foi marcada por altos e baixos, mas tudo o que passamos foi para nos fortalecer e chegarmos a esse momento. O que passou foi perdoado e o que está por vir será celebrado.

Eu só queria agradecer ao senhor por ter me permitido realizar esse sonho. O senhor é provedor disso e me prometeu viver o meu propósito, nunca desistiu ou mediu esforços em persistir na minha educação. Obrigado por ter confiado em mim, nas minhas escolhas, na minha jornada. Eu não estaria aqui se não fosse por você. Carregarei esse nome com muita honra.

Saber de todas essas dificuldades passada por ele e, ao longo da minha vida, adquirir minha consciência de classe e do meu privilégio, eu decido abnegar do meu Baile de Formatura e converter o dinheiro em fundos para casas de apoio a crianças que vivem com AIDS e para casas de apoio para população LGBTQIAP+ em situação de vulnerabilidade social. As casas serão escolhidas pela gente, para que possamos transformar o mundo com pequenas ações no dia a dia.

Nunca desistam dos seus sonhos! Pai, como o senhor, eu nasci pra vencer. Essa vitória está em nosso sangue, em nossas veias. Muito obrigado por tudo e parabéns pela nova vitória!!

Fonte: Extra