Brasil – O general da reserva Mário Fernandes, preso sob acusação de planejar atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, afirmou ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2022. Durante a visita ao Palácio do Alvorada, Fernandes celebrou em áudio que Bolsonaro teria aceitado o “nosso assessoramento”.

De acordo com documentos da Polícia Federal (PF), a reunião ocorreu em 8 de dezembro de 2022, um dia antes de Bolsonaro romper o silêncio pós-eleitoral com um discurso a apoiadores no Alvorada. Na ocasião, Bolsonaro exaltou a lealdade das Forças Armadas ao povo e à Constituição, mencionando que seriam “o último obstáculo para o socialismo”.

Embora a investigação não envolva diretamente o ex-presidente como alvo, as evidências indicam a estreita ligação de Fernandes com movimentos golpistas, incluindo sua atuação como ponto de contato entre o governo e manifestantes. Fernandes também ocupou um cargo estratégico na Presidência, o que, segundo a PF, reforçava sua proximidade com Bolsonaro.

Áudios anexados ao inquérito mostram Fernandes incentivando medidas para evitar ações judiciais contra apoiadores acampados em frente ao Quartel-General do Exército. Ele teria solicitado a Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, que intercedesse junto ao ex-presidente para bloquear a apreensão de caminhões ordenada pela Justiça.

As investigações seguem em andamento, enquanto Bolsonaro não figura como investigado no caso. O episódio traz novos desdobramentos sobre a relação entre integrantes do governo e articulações antidemocráticas no período de transição presidencial.