
Apesar do aumento das chuvas no norte do Amazonas e da intensificação das enxurradas em São Gabriel da Cachoeira e Barcelos, o rio Negro não deve repetir a cheia histórica de 2021 (30,02 metros), segundo projeção do Serviço Geológico do Brasil (SGB). No entanto, a Defesa Civil incluiu 23 municípios na lista de áreas sob risco de inundação, o maior número dos últimos dois anos.
Em Manaus, o nível do rio é influenciado pelos rios Negro, Solimões e Purus. Nesta sexta-feira (28), a marca era de 25,91 metros, e a previsão para junho aponta um pico de 29,43 metros, com média de 28,68 metros. “O risco de uma cheia severa é de 30%, enquanto a chance de superar os 30,02 metros de 2021 é de apenas 1%”, afirma André Martinelli, gerente de hidrologia do SGB.
O Solimões se aproxima do pico da cheia, especialmente em Tabatinga, onde costuma atingir o auge em maio. Já o rio Madeira, impactado por chuvas intensas na Bolívia e pela umidade do Atlântico, mantém níveis elevados, afetando cidades como Itacoatiara. Lá, a cota atual de 12,45 metros pode subir para 14,32 metros, acima da cota de inundação (14,20 metros), com 76% de chance de ultrapassá-la e 61% de probabilidade de atingir um nível severo. A chance de superar o recorde de 15,20 metros, porém, é de apenas 3%.
Em Manacapuru, o cenário segue a tendência de Manaus. A estimativa média é de 19,47 metros, com 98% de probabilidade de ultrapassar a cota de inundação e 42% de atingir um nível crítico.
“Em 2021, tivemos a maior cheia da história. Em 2022, a quarta maior em 124 anos. Já em 2023 e 2024, enfrentamos as duas maiores secas registradas. Esses extremos sucessivos mostram que fenômenos hidrológicos severos estão se tornando mais frequentes”, conclui Martinelli.