Manaus – O terreno nos fundos do antigo prédio da cadeia Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, permanece abandonado pela gestão municipal, servindo como ponto de consumo de drogas e cenário recorrente de violência.

Foi nesse local, negligenciado pela Prefeitura, que o psicólogo e professor universitário Manoel Guedes Brandão, de 41 anos, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (21). Ele estava desaparecido desde a madrugada de domingo (20), após sair de uma festa junina.

Imagens de câmeras de segurança registram Manoel atravessando a rua perto do local do crime por volta das 6h15. O corpo foi achado por um catador de latinhas em uma área de mata, com sinais de estrangulamento e marcas de mordidas. A necropsia confirmará a causa exata da morte.

Nas redes sociais, moradores lamentaram a tragédia e denunciaram o abandono da área pela Prefeitura de Manaus, sob a gestão do prefeito David Almeida. Um internauta escreveu: “O centro da cidade está uma verdadeira Cracolândia. Ninguém faz absolutamente nada!… Neto Brandão era uma pessoa maravilhosa… Isso não pode ficar impune!”.

A indignação se intensifica ao considerar os milhões investidos em eventos festivos como o Passo a Paço. O festival, idealizado para ocupar o Centro Histórico com atrações culturais, tem se transformado em espetáculo musical de grande porte. Em 2024, o evento chegou a atrair até 200 mil espectadores numa única noite. Já na edição de 2025, embora cerca de 80% dos custos fossem cobertos por patrocinadores, a Prefeitura precisou desembolsar mínimo de R$ 17 milhões, incluindo contratos de infraestrutura e cachês de artistas como Gusttavo Lima, Ivete Sangalo e Simone Mendes.

Moradores criticam as prioridades da gestão municipal. Na transmissão ao vivo do lançamento do Passo a Paço, muitos reclamaram da falta de infraestrutura e do desapego às necessidades básicas da cidade. Um relato resume o sentimento de insatisfação: “O prefeito evangélico David Almeida é conhecido por aqui por ser mais um promotor de eventos do que um gestor público de uma capital”, criticou um internauta.

Há críticas também sobre as exigências para participar das edições do festival, como cadastro online e troca de garrafas PET por pulseiras de acesso, o que gerou reclamações de burocracia e elitização do evento.


📌 Comparativo de prioridades da gestão municipal

Aspecto Investimento/ação Críticas feitas por moradores e internautas
Festival Passo a Paço Milhões em cachês e infraestrutura (cerca de R$ 17 mi**) Evento grandioso enquanto ruas e áreas centrais seguem deterioradas
Segurança no Centro Nenhuma intervenção visível no terreno abandonado Abrigos para uso de drogas, criminalidade e risco à população local
Feedback nas redes sociais Insatisfação com prioridades e falta de respostas efetivas “O centro… Cracolândia. Ninguém faz nada!” e críticas à burocracia do festival

Contraste

Enquanto a Prefeitura investe milhões no festival Passo a Paço, o abandono de áreas como o terreno incidente no centro evidencia falhas na gestão das prioridades urbanas. A morte traumática de Manoel Brandão expõe uma realidade paralela ao espetáculo cultural: degradação, insegurança e falha na proteção da população local.